Leandro Filipe, de 12 anos, frequentava o 6º ano na Escola EB 2/3 Luciano Cordeiro, em Mirandela. Vítima de bullying, era frequentemente ameaçado e agredido por colegas mais velhos. Ontem, Leandro não aguentou mais. Saiu a chorar do estabelecimento de ensino, pelas 15h00, e nem o irmão gémeo nem os três primos, sensivelmente da mesma idade, o conseguiram travar. 'Não apanho mais, vou-me atirar ao rio', disse a criança, perante a incapacidade dos familiares que não o conseguiram demover.
Márcio, gémeo de Leandro, foi internado no Hospital de Mirandela em choque. Viu o irmão despir-se na margem e ainda o tentou agarrar. Não teve força, Leandro cumpriu a ameaça. Ao final da noite de ontem, o corpo não tinha ainda sido encontrado.
Também os pais de Leandro e a irmã de nove anos tiveram de receber tratamento. Estavam em estado de choque, não aceitavam o trágico desfecho. 'Há um ano, o meu menino esteve internado depois de ter sido agredido pelos colegas. Os pais apresentaram queixa, mas ninguém fez nada porque os outros eram menores', contou ao CM Zélia Morais, avó de Leandro, desfeita em lágrimas. Também Tânia Baptista, de 11 anos, lembra que viu várias vezes Leandro a chorar. 'Queixava-se que lhe batiam. Andava triste e não dizia porquê. Só que lhe batiam', conta a amiga, que não consegue encontrar explicação para o facto de o menino ser rejeitado pelos colegas.
ESCOLA ACUSADA DE IGNORAR AVISOS
Zélia Morais, avó do menino, não perdoa a escola por ter ignorado a violência de que o neto era alvo. Em lágrimas, disse ao CM que as agressões eram constantes e que a última, que motivou o suicídio, aconteceu no estabelecimento de ensino. A tia também não percebia o que levara Leandro a desistir. 'A minha filha disse-me que ele saiu da escola a chorar. Já sabia que era agredido na escola, mas não sabia que pudesse chegar a este ponto'.
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